A história das mulheres brasileiras na ciência

01/02/2022

A partir da década de 20, as mulheres vão dando pontapés nas portas das universidades para entrar, porque não pense que entraram facilmente. Nossas bisavós lutaram por isso" diz a professora Hildete Pereira de Melo, do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense.

Historicamente, a ciência sempre foi vista como uma atividade realizada por homens e foi somente após a segunda metade no século XX que ocorreram mudanças nesse quadro.

Apesar da recente institucionalização da ciência brasileira, foi também nos anos de 1980 e 1990 que as mulheres brasileiras aumentaram sua participação no setor.

A falta de dados sistemáticos no Brasil sobre a formação e o perfil dos recursos humanos na educação superior e na ciência, assim como a falta de dados sobre o financiamento do setor dificultam muito a contextualização dessa discussão. Mas fato é que, aos olhos, principalmente, dos mais "seniores", é evidente a mudança na universidade brasileira no que diz respeito à frequência de mulheres: diferente de algumas poucas décadas atrás, elas hoje são a maioria em boa parte dos cursos de graduação e de pós-graduação do país.

Os dados da UFRJ apontam mudanças na frequência de mulheres em alguns cursos tradicionalmente ocupados por homens, são eles: engenharia civil, engenharia química (da área tecnológica), química (da área de exatas) e medicina (da área de saúde). Essa tendência sugere que em futuro não muito distante, profissões de maior reconhecimento, mais bem remuneradas e de maior status social contarão com expressiva e/ou majoritária presença feminina.

Eis alguns exemplos de mulheres que fizeram avançar a ciência e a tecnologia no Brasil. A escolha desses nomes teve como critério básico o fato dessas cientistas terem sido pioneiras na difusão e avanço da ciência no Brasil.

Conheça 10 brasileiras pioneiras na ciência

Alice Piffer Canabrava (1911 - 2003) - Historiadora - Após perder a vaga para outro homem, ela se tornou a primeira professora catedrática da USP em 1951.

Bertha Lutz (1894 - 1976)- Bióloga, sufragista e ativista feminista - Ela também deputada federal.

Carolina Martuscelli Bori (1924 - 2004) - Psicóloga - Teve papel fundamental no estudo da psicologia no Brasil.

Elza Furtado Gomide (1925 - 2013) - Matemática - Foi a primeira doutora em matemática no Brasil.

Graziela Maciel Barroso (1912-2003) - Botânica - Ficou conhecida como a "primeira grande dama" da botânica no Brasil.

Johanna Döbereiner (1924 - 2000) - Agrônoma - Descobriu a relação de uma bactéria e a fixação de nitrogênio em certos tipos de plantas. Foi indicada ao Nobel de Química em 1997.

Nise da Silveira (1905 -1999) - Médica Psiquiatra - Foi um dos símbolos da luta antimanicomial no país.

Ruth Sonntag Nussenzweig - Bióloga -É referência no campo da parasitologia, e fez trabalhos para combate da malária e da doença de Chagas.

Sonja Ashauer (1923 - 1948) - Física - Apesar da vida breve, Sonja Ashauer foi a primeira brasileira a concluir o Doutorado em Física.

Victória Rossetti (1917- 2010) - Engenheira-Agrônoma - Se tornou conhecida internacionalmente pelas pesquisas sobre doenças em frutas cítricas.

Certamente mulheres que conseguiram vidas plenamente realizadas, grande sucesso profissional, e que deram importantes contribuições em suas respectivas áreas. São personalidades fortes, que colocavam muita paixão naquilo que faziam. São exemplos a serem considerados com muita atenção.