IGREJA CATÓLICA E A COMUNICAÇÃO: UMA APROXIMAÇÃO HISTÓRICA

01/03/2023

A comunicação nasce da necessidade humana de romper o isolamento, de entrar em comunhão, criar relações, dialogar, narrar eventos, transmitir informações, ideias, sentimentos, necessidades, desejos… É importante ter claro, no entanto, que existem inúmeras formas de ver e analisar a comunicação: verbal, não verbal, intrapessoal, interpessoal, grupal, organizacional, social, de massa, instrumental, digital e assim por diante. O ser humano sempre utilizou diversos métodos e instrumentos para se comunicar. Do mesmo modo, a Igreja utiliza e vive todos os aspectos da comunicação. Em cada período da sua história esteve mais evidente determinada dimensão: em algumas épocas, teve destaque a comunicação interpessoal; em outras, a verbal e a social; por vezes, a relacional; atualmente, a digital.

A linguagem digital provocou, sem sombra de dúvidas, uma revolução na sociedade e, consequentemente, na Igreja. Em pouco mais de 30 anos de popularização da internet e das redes sociais, vimos nascer nova cultura, nova era, capaz de mudar conceitos como tempo, espaço, presença, relações. Estamos imersos em uma "mudança de época", como repetem diversos especialistas e, de modo particular, o Papa Francisco. Além do ambiente digital, contudo, o Papa Francisco tem insistido no resgate da comunicação interpessoal e presencial, do contato pessoal, da escuta, do diálogo, das relações humanas.

A ideia de comunicação do Papa Francisco é, em muitos sentidos, revolucionária, pois centra seu discurso sempre no "sujeito" que comunica, posiciona sua reflexão nos aspectos humanos da comunicação, insistindo em vícios e virtudes do uso da tecnologia e dos instrumentos. Essa visão é muito clara quando fala em "passar da cultura do adjetivo para a teologia do substantivo". Em vez de enfatizar o "social", o "de massa" ou mesmo o "digital" na comunicação, enfatiza o "comunicador", o sujeito que comunica, a relação.

Francisco propõe ainda uma leitura original da comunicação, centrada no termo "proximidade". Esta é a chave de leitura, segundo o papa, para ver e interpretar a comunicação. Uma comunicação humana que supera o tecnicismo e é inspirada sempre em Deus, o qual "se abaixa" para se comunicar ao e com o ser humano. Uma comunicação humana que expressa a abertura ao outro, à transcendência, à esperança, ao diálogo, à interação etc. que expressa acolhida e encontro.

A comunicação imaginada e proposta por Francisco está a serviço dessa cultura do encontro. Comunicação como reciprocidade, partilha, alteridade, profundamente humana. Ele convida a dar passos em direção ao outro, ao próximo e ao distante, dando-lhes espaço. Convida-nos a nos mover, especialmente, em direção às periferias, que para o papa são geográficas, existenciais e humanas. Convida-nos a "sair", a doar para receber, insistindo na partilha e na reciprocidade, seja no ambiente digital, seja naquele físico.