Repórter da Melhor Idade

01/03/2023

FUNDAMENTOS DO RELACIONAMENTO HUMANO

Entrevista com a idosa Deolinda Barros Lopes, de 75 anos, participante do Centro de Convivência para Terceira Idade Vivavida, que nasceu em Portugal, na cidade de Valença do Minho.

FOTO: VIVAVIDA - UNIDADE VI
FOTO: VIVAVIDA - UNIDADE VI

Sua história de vida é de superação e com certeza de muita paciência e respeito pela sua família, pois sempre foi muito difícil se relacionar com seu pai, mas seu amor sempre falou mais alto e lhe deu forças para superar os conflitos e desentendimentos através do diálogo, que é fundamental para o relacionamento humano. Não é por acaso que uma amiga a chama de "Fênix", pois sua capacidade de renascer é impressionante, como ela nos conta abaixo: 

Deolinda foi filha única, veio para o Brasil em 1957, com 9 anos de idade, direto para trabalhar em um bar do seu pai, que já estava aqui e era sócio de seu tio. Seu pai lhe disse: "Menina, não viestes de férias, viestes para trabalhar". 

FOTO: VIVAVIDA - UNIDADE VI
FOTO: VIVAVIDA - UNIDADE VI

 Iniciava seu turno às 5h da manhã e encerrava às 21h. Fazia refeições para empresas do local no Rio de Janeiro, onde ficou 3 anos; depois veio para São Paulo, na região do Ipiranga para trabalhar em outro bar, com o mesmo tipo de trabalho, mas teve a oportunidade de estudar pela manhã e trabalhar de tarde até a noite; ficou lá por 1 ano, mas seu pai só a deixou estudar até a 4º série do ensino fundamental, que para ele já era suficiente. Após esse período foi para outro local, também no Ipiranga, até casar e continuar sua saga, pois se casou com um rapaz que era dono de um bar e continuou trabalhando no ramo por mais 30 anos (até seus 50 anos de vida). Parou para cuidar de sua saúde, mas continuou o seu trabalho em casa com artesanatos para ajudar no orçamento familiar. Teve duas filhas e precisava pagar a escola delas, pois deu prioridade aos estudos das filhas, já que ela não teve essa oportunidade. Formou uma filha psicóloga e a outra em arte e publicidade. Deolinda contou que tinha o dom de desenhar e criar, por isso, quando tinha 17 anos teve a oportunidade de uma bolsa de estudo de um curso na Belas Artes, mas seu pai a proibiu, pois o curso era noturno.

Não teve muitas oportunidades na vida quando era jovem, mas hoje ela disse que está realizada, pois esta aqui na FUNSAI há 16 anos; iniciou fazendo artesanato e depois tornou-se voluntária e tem a intenção de ficar até o fim.

O lema dela é agradecer sempre, independente da situação. Sempre positiva, passou em 2003 por momentos difíceis com relação à saúde: teve uma infecção generalizada e passou por quatro cirurgias no intestino. "Sobrevivi por um milagre".

Em 2020 e 2021 teve mais um momento difícil, segundo ela: "o pior de todos", suas filhas foram diagnosticadas com câncer cada uma em um período, mas em datas próximas. Felizmente, com o tratamento e com a Graça de Deus se curaram; foi uma luta, mas ela nunca deixou de acreditar.

Hoje cuida de seu esposo acamado e diagnosticado com câncer e como diz "Um dia de cada vez".

Para ela a fé é mais forte do que tudo e a superação é a palavra que resume sua vida.