Série: A Ética de José Vicente de Azevedo

01/04/2022

José Vicente de Azevedo em defesa das órfãs

Você sabia que a cidade de São Paulo já foi alvo de bombardeios?

Em 5 de Julho de 1924, um levante comandado pelo General Isidoro Dias Lopes começa dentro do exército brasileiro. Após quatro dias de muita luta, os rebeldes tomam controle da cidade. São Paulo começa então a ser alvo de intenso bombardeio por parte das forças legalistas, atingindo duramente a população civil.

A situação na cidade se torna caótica. Na Avenida Nazaré, trincheiras se estendem para além do atual Museu Vicente de Azevedo, na direção de Santos. Trocas de tiros entre os rebeldes e os legalistas ocorrem na Vila Mariana; armazéns são saqueados e linhas férreas são bloqueadas. Cerca de 200 mil pessoas deixam a cidade, que, na época, possuía apenas 700 mil habitantes. No Asilo Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga, entre a artilharia e o estouro de combates, dezenas de meninas correm sério perigo.

José Vicente de Azevedo, preocupado com a vida de suas filhas adotivas no Asilo, dialoga com os revoltosos e com o comandante dos legalistas e atravessa a pé as linhas de combate a caminho do Internato. Horas depois, sem notícias de seu pai, Maria Carmelita e Paulo, seus filhos, vão atrás dele de carro, levando consigo um ferido, como pretexto para atravessar a cidade em guerra. José Vicente não volta para casa com eles; ao invés, fica no internato para garantir a entrega das meninas de volta a suas famílias.

Porém, grande parte das meninas não tem a mesma sorte. Sem notícias de suas famílias, José Vicente decide evacuá-las para o Colégio Nossa Senhora de Sion - do outro lado da cidade. Naquela manhã, transeuntes se deparam com uma imagem inesquecível: um senhor de 65 anos com uma bandeirinha branca, acompanhado de dezenas de órfãs, da diretora do internato, D. Leonor de Campos Salles e de professoras atravessam a pé a cidade em direção ao bairro de Higienópolis. Após uma longa caminhada, José Vicente tem êxito em levar suas filhas adotivas para um lugar seguro, salvando-as do caos do conflito.

Esta e outras histórias estão preservadas no acervo do Museu Vicente de Azevedo da FUNSAI.

Você tem curiosidade sobre o nome de alguma rua conectada com o nosso bairro? Fale conosco!

Tel.: (11) 2215-6900

E-mail: museuvicentedeazevedo@funsai.org.br