Dia do Psicólogo

01/08/2021

No dia 27 de agosto é comemorado o dia do Psicólogo, e o Viva Vida - Unidade VI da FUNSAI, entrevistou Deborah Boschetti, psicóloga especialista em Gerontologia pela PUC-SP e voluntária do Viva Vida há mais de 10 anos.

O que é saúde mental?

Quando falamos em doença mental, muitas pessoas pensam de maneira quase automática em algum distúrbio ou transtorno mental; da mesma maneira, ao tratarmos de saúde mental, logo vem à mente das pessoas a ausência desses distúrbios, transtornos e doenças da mente. Entretanto, a saúde mental tem uma implicação muito mais ampla do que essas duas frentes de pensamento.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), um indivíduo com saúde mental é aquele dotado de um "bem-estar" que o permite usar plenamente suas habilidades e ser produtivo, recuperar-se do estresse cotidiano e contribuir com o seu meio social.

Pessoas mentalmente saudáveis conseguem refletir e compreender que ninguém é perfeito, que todos possuem seus próprios limites e que não se pode ter tudo ou ser tudo para todos. Esses indivíduos vivem diariamente uma série de 

emoções como alegria, tristeza, amor, raiva, satisfação e frustração, mas conseguem enfrentar os desafios e as mudanças da vida diária com resiliência e sabem procurar ajuda quando têm dificuldade em lidar com conflitos ou alterações importantes nos diferentes momentos da vida.

A saúde mental de uma pessoa está relacionada à sua forma de reagir e suportaras exigências da vida e ao modo como consegue adequá-las as suas necessidades, capacidades, ambições e emoções. Também está relacionada coma sua qualidade de vida e seu bem-estar socioeconômico, situações que impactam de maneira positiva na satisfação de suas necessidades diárias: um emprego digno, um lar para viver, acesso à educação e à saúde, tempo para o lazer, entre outros.

Como anda a saúde mental das pessoas no geral?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), antes da pandemia, o Brasil já era o país mais ansioso do mundo e, também, apresentava a maior incidência de depressão da América Latina, impactando cerca de 12 milhões de pessoas.

Na pandemia se agravou?

Sim. Durante a pandemia, a situação se agravou muito: estudos mostram um aumento significativo nos sintomas de estresse agudo, depressão e ansiedade.

Incertezas e inseguranças em relação à pandemia têm afetado a saúde mental das pessoas. Vêm aumentando significativamente o número de pacientes nos consultórios psiquiátricos e psicológicos, com queixas de ansiedade em níveis bem elevados, pensamentos negativos recorrentes discursos de desesperança, irritabilidade, agressividade, alteração no ciclo do sono ou insônia, descontrole do peso, baixa energia, labilidade emocional com crises de choro ou ideias de que a pandemia permanecerá sem uma resolução, consumo de comida ou bebida alcoólica em excesso.

O que devemos fazer para evitar a perda dessa saúde?

Devemos cultivar pensamentos e lembranças positivas. Quando o sofrimento e os pensamentos negativos estiverem muito intensos e insistentes, procurar ajuda é fundamental. Evitar o isolamento, embora ainda estejamos em período de distanciamento, podemos reforçar os laços familiares e de amizade por telefone ou chamadas de vídeos através do celular. Diversificar interesses através de atividades como pintura, trabalhos manuais, cozinhar, ouvir música e dançar, mesmo que em casa. Manter a mente ativa por meio de leituras, filmes, cursos online e jogos cognitivos é de extrema importância. Assim como preservar uma rotina de horários para comer, descansar e se exercitar. Outro ponto fundamental é limitar a nossa exposição às notícias relacionadas à pandemia e no tempo em que ficamos nas redes sociais, pois pode desencadear processos de ansiedade.

Poderia falar um pouco sobre o voluntariado no Vivavida, sobre a Oficina da Memória com os idosos e qual o intuito?

Sou voluntária no Vivavida há mais de 10 anos. Sinto o respeito, confiança e carinho dos funcionários e alunos. Nossa troca é amorosa, cheia de compaixão. Lá fiz amigos para a vida que não só aprendem comigo, mas também me ensinam.

A memória exerce importante influência sobre a autonomia e a independência na vida diária das pessoas. Talvez essa seja uma das maiores queixas na terceira idade e um dos pontos mais urgentes e importantes a se trabalhar no mundo atual e no tipo de sociedade que queremos construir para nossos idosos. A oficina de memóriatrabalha com essa frente, é um recurso ou uma ponte, podemos utilizar bem esse termo, para a promoção e a manutenção da saúde dessa população, bem como preservar ao máximo a sua autonomia e independência. E isso só é possível com uma memória estimulada e incentivada.

A oficina de memória operacom um encontro semanal de 1h20, por meio de aulas expositivas, exercícios e dinâmicas de grupo em que são reforçadas estratégias voltadas à manutenção ou melhora do desempenho da memória dos idosos. Também é um espaço terapêutico de trocas e de socialização.

Durante esse período de pandemia,nossos encontros se mantiveram ativos, masde forma on-line, uma alteração que julgamos necessária para a proteção de todos. Estão acontecendo às quintas-feiras, no horário das 15h. Sem dúvida nenhuma, é um momento muito aguardado. Um momento de trabalho e de muita felicidade. E, se a felicidade está envolvida, nos faz acreditar que realmente estamos no caminho certo.

Foto: Portal Acesse

Por VIVAVIDA